Home Insights Blog Blog - Mineração e refino de metais Novas experiências com revestimento de moinhos.
abr 11, 2022

Novas experiências com revestimento de moinhos.

O processo de redução de materiais, chamado tecnicamente de cominuição, envolve etapas que geram um considerável consumo de energia. Por isso os avanços tecnológicos são fundamentais quanto à otimização energética. Porém, o desenvolvimento tecnológico não se limita à otimização do uso de energia, ele também envolve detalhes como o revestimento interno e as peças de desgaste que protegem os moinhos e otimizam o processo de transporte dos minerais entre os equipamentos.
Neste painel, especialistas compartilharam exemplos bem-sucedidos de revestimento de moinho e as inovações em materiais. O painel mediado por Joe Pezo, Vice Presidente de Serviços para o Peru, teve a presença de Hernán Arizola, Gerente Sênior de Gerenciamento de Projetos da Antapaccay; Rubén Rojas, Consultor Sênior de Mineração; Reynaldo Martinez, Superintendente de Prontidão de Confiabilidade Operacional da Teck e Fabio Isoldi, Coordenador de Suporte ao Produto da Metso Outotec Brasil.

Como a mineração melhorou o desempenho e os resultados graças às mudanças nos revestimentos para moinhos em suas operações?

Hernán Arizola: É fundamental discutir o revestimento de moinhos. Nas operações, é preciso sempre maximizar a disponibilidade dos equipamentos, algo que se traduz em maior produtividade.

Basicamente, na Antapaccay, temos aplicações de revestimentos híbridos em nossos moinhos de bolas convencionais, que são de 20 por 40 pés. Nossos resultados são muito bons e buscamos sempre um aprimoramento contínuo quanto à melhora de disponibilidade de nossos moinhos.

Rubén Rojas: É muito importante, considerando a eficiência dos processos de cominuição e moagem, otimizar os custos operacionais e de revestimentos. Como bem disse o colega, isso se traduz em um custo-benefício alto.

Houve uma transformação em termos de mudanças nos projetos. Os perfis de ângulos de ataque, por exemplo, com os quais pude trabalhar no Canadá por um tempo com a Tech e também em Peñasquito com a Goldcorp, fizemos uns testes na descarga de um moinho SAG de 42,5 pés. Tudo isso mostrou que pesava menos, que não era necessário tanto metal na composição de cromo, magnésio e manganês dos moinhos, e começamos a fazer uma redução. Isso gerou uma diminuição de peso especificamente devido à composição do moinho e impulsionou a melhora da capacidade de funcionamento, gerando maior eficiência energética, ou seja, os Quilowatts consumidos por tonelada. Esse tipo de moinho causou um impacto de mais de 3% no início, depois melhoramos para 5,2%. Isso vem sendo notado há alguns anos e, mais recentemente, pude observar que há uma tendência de mudança de materiais para aliviar a carga nos moinhos. Novamente, isso se traduz nos orçamentos de operação e nos dá maior tempo de uso, torna as mudanças mais possíveis com uma tendência de redução de carga. Isso porque passamos de materiais mais pesados (com 5,2 a 5,4 toneladas), o que gera bastante dificuldade, para outros em regiões onde já é possível mudar o que estava sendo feito.

Esses avanços são muito positivos, são visíveis e pude observá-los em minha experiência e creio que isso avançará ainda mais.

Reynaldo Martinez: Acredito que a melhora de desempenho e os resultados se traduzem principalmente na redução do tempo programado para a troca dos revestimentos e redução de períodos de imprevistos associados a falhas no revestimento. Acredito que esse seja o principal benefício de todas as melhorias feitas nos moinhos em operação. Isso porque, em ambos os casos, esta redução de tempos programados e não programados se traduz em maior disponibilidade de tempo para as operações, para processar e, assim, conseguir maiores e melhores resultados. Este seria o principal benefício. Além disso, há melhorias referentes a custos no processo de eliminação de defeitos e falhas, redução de retrabalho e de duplicação de atividades que atrapalham o andamento contínuo do ciclo, impedindo que o ciclo seja finalizado de forma estável durante a duração dos revestimentos dos moinhos.

Além disso, ao reduzir os retrabalhos é possível reduzir o h/h ou a hora/pessoa associada à atividade dentro do moinho, permitindo, assim, melhoras por meio de mudanças de projeto, geometria etc. Tudo isso permitindo agregar maior valor e eliminar riscos de segurança para as pessoas.

Fabio Isoldi: Buscamos sempre fazer uma aplicação de revestimento buscando a melhor customização levando em consideração o que as mineradoras desejam. O revestimento está diretamente relacionado ao desempenho do moinho; é o que faz com que a moagem ocorra. Por isso procuramos customizar o liner de acordo com a necessidade do cliente, ou seja, buscamos uma trajetória de catarata ou cachoeira, ou uma mudança no volume útil interno, buscamos liners menores para ter um volume útil maior dentro do moinho . Melhorar também a questão do transporte e da trajetória. Assim, dentro de cada aplicação e cenário específico de cada cliente, na Metso Outotec fazemos a aplicação de acordo com o que o cliente deseja, buscando os objetivos. Portanto, tudo é personalizado; e tudo o que é personalizado proporciona um resultado mais próximo do esperado pelo cliente. Assim, os lucros são sempre obtidos nesta customização, buscando o que o cliente deseja em termos de vida útil, trajetória, podendo permitir uma maior velocidade de retificação durante a operação. Por exemplo, um cliente nos pediu um forro menor que durasse menos, mas pudesse operar a fábrica em uma velocidade maior desde o início. Isso foi um lucro para eles.

É claro que cada caso tem suas peculiaridades e, por isso, na Metso Outotec estamos sempre disponíveis para personalizar o revestimento e encontrar o ganho que o cliente deseja.

Qual a função dos dados históricos de trocas de revestimento no momento da escolha de um revestimento? Isso ajuda a decidir o pergil e os materiais mais adequados?

Hernán Arizola: A informação histórica é fundamental, pois nos permite avaliar o desempenho desde quando trocamos os liners até o momento da troca deles e fazemos medições de uma série de variáveis que nos permitem comparar e avaliar o que houve na Antapaccay desde o início das nossas operações, em novembro de 2012.

Assim, também podemos prever melhores formas e fazer um acompanhamento do desgaste dos materiais, o que nos permite operar com segurança e com um planejamento das manutenções e trocas, conforme nossos orçamentos e estimativas feitas ao longo do ano.

 Rubén Rojas: Conforme as normas dos processos de moagem e de avaliação de liners, há alguns anos, surgiu um tipo de tecnologia que coloca um scanner, que levava cerca de 20 minutos para fazer uma avaliação em um desses moinhos SAG gigantes de 42 pés, por exemplo. E durante esse tempo, ele ia prevendo o perfil de desgaste que estava ocorrendo. Com isso, estamos falando de todos os detalhes do revestimento e em qual momento em que seria possível inverter o giro, pois normalmente essa inversão de rotação que é feita em moinhas SAG, essa mudança de direção (sentido horário e anti-horário) é feita para aproveitar o desgaste do liner e prolongar sua vida útil, sem prejudicar a moagem e a descarga que será alimentada posteriormente em uma etapa de ciclo e classificação. Ainda assim permitindo a circulação da carga. Então, essas variáveis foram medidas e são avaliadas no escaneamento que ajuda a fazer um prognóstico de produção, sem afetar o tamanho das partículas ou o tamanho de corte que deve haver nos determinados ciclos, sem nunca perder seu valor.

Toda essa coleta de dados é feita de forma um pouco mais científica do que no passado, pois agora as medições são feitas com um scanner de raios. Essa é a experiência que temos. Acredito que essa tecnologia diagnóstica ajuda muito.

Reynaldo Martinez: Acredito que os dados históricos são fundamentais para compreender os rendimentos anteriores, os comportamentos prévios, e, assim, entender as oportunidades e transformá-las em ações concretas, como mudanças de projeto, de geometria, de materiais, além da melhora dos perfis. Por fim, para chegar a isso tudo de forma sustentável, é preciso ter uma visão macro de todos os fatores que influenciam no universo dos revestimentos para operações. Assim como as equipes de operações, metalurgia, planejamento e manutenção das empresas de serviços que estão envolvidas com a manutenção. Assim, com uma visão multidisciplinar, é possível observar melhor essas oportunidades e transformá-las em benefícios para a organização.

Fabio Isoldi: Os dados históricos são extremamente importantes, pois são eles que nos dizem onde vamos trabalhar no desenvolvimento do revestimento. Assim, se observarmos uma vida útil menor devido a alguma região da usina, por exemplo, que se desgastou mais rapidamente, dentro desse histórico de desgaste que temos, buscamos reforçar essa região. Ou, por exemplo, o moinho está operando com uma taxa de alimentação maior, então o revestimento terá que se adaptar a esse novo cenário operacional do moinho. Os trituradores também devem ser levados em consideração, caso haja alterações de tamanho e quantidade. Assim, todos esses dados são levados em consideração na hora de projetar o revestimento. Portanto, ter um histórico que nos mostre como isso tem se comportado faz total diferença na qualidade do projeto que poderemos desenvolver. Se tivermos informações suficientes, podemos desenvolver um projeto muito personalizado, focado no que o cliente deseja. Por outro lado, se tivermos poucos dados, teremos que construí-los ao longo das campanhas e levará mais tempo para chegar ao projeto ideal. Os dados históricos são, portanto, extremamente importantes para que possamos focar no que queremos melhorar e trazer para a fábrica e para o cliente como desempenho.

Qual a sua opinião sobre a nova tendência do uso de revestimentos híbridos (borracha e metal) ?

Hernán  Arizola: Sob o ponto de vista da operação da Antapaccay é fato que melhoramos o custo-benefício e nossas estimativas de interrupções ao longo do ano. Também melhoramos a segurança e a facilidade de substituições dos revestimentos.

Os revestimentos híbridos que usamos em nossa operação de moagem convencional de bolas nos trouxeram ótimos resultados. Temos dois moinhos de bolas funcionando em circuito fechado, nosso circuito de moagem, como disse, apresenta ótimos resultados e, com certeza, essa é a tendência: manter e otimizar, agregando mais conhecimento com nossa equipe de Manutenção na troca e substituição dos revestimentos. Sempre reduzindo os tempos e melhorando a segurança do processo.

Rubén Rojas: Meu enfoque sobre o uso de revestimentos híbridos é que se trata de algo massivo. Tanto que os resultados já são evidentes, tanto nos resultados quanto nos orçamentos, também no manuseio, na forma segura de trocas. Um dos aspectos importantes é o tempo gasto para fazer a troca desses revestimentos. Lembro-me que, normalmente, a troca de liners levava cerca de 48 horas em um SAG. Hoje, temos registros no Panamá e na República Dominicana, onde estou envolvido diretamente nas operações, de que estamos gastando 42 horas, e, em outros casos, 44 horas.

Portanto, nota-se uma redução nos tempos de manutenção e horas gastas com isso. Um fator que gera um impacto na produtividade. Também, a tendência de incidentes de segurança e manuseio de materiais tem sido menor, pois as pessoas atuam com mais confiança e há também mais controle.

Com relação aos custos, é óbvio que custa menos, mas o que vejo como um futuro muito próximo é a melhora da qualidade dos elementos de borracha que estão sendo usados com a finalidade de prolongar a vida útil e criar liners que durem muito mais tempo em operação reduzindo, assim, os tempos de troca para manutenção.

Acredito que isso será algo que os investidores terão que observar. E tanto na moagem fina em moinhos de bolas quanto na moagem no SAG, os tamanhos das partículas variam, então, é preciso estabelecer as condições e o tipo de material que será usado. e esse é um processo de pesquisa e desenvolvimento que creio que ocorrerá em breve. Neste momento, os pesquisadores buscam como desenvolver liners de melhor qualidade.

Reynaldo Matinez: Acredito ser uma tendência que já ocorre há vários anos, e creio que o movimento é de aumento. Acredito que já está bem avançada.

Há alguns anos falávamos sobre os revestimentos de borracha, ou com características diferentes, basicamente visando a redução de peso. Antigamente, a busca era pela redução de peso. Isso visava aumentar a capacidade de carga dos moinhos e, consequentemente, aumentar o processamento. Com a evolução tecnológica, creio que pudemos unir as melhores características do revestimento fundido com o melhor dos laminados e misturá-los com elementos do universo dos polímeros e borracha, possibilitando misturas de materiais que são bastante inteligentes e que ajudam muito na produção. Assim, obtivemos melhora na operação, redução das falhas e imprevistos etc.

Sempre, o objetivo inicial é buscar reduções de pesos para maximizar as cargas, mas nem sempre isso era possível de ser desenvolvido. Porém, foi possível observar  outros benefícios, como a estabilidade operacional, a eliminação de imprevistos no ciclo de vida. Outro aspecto muito importante observado recentemente é a redução do consumo energético, que permite obter uma considerável redução de custos, melhorar a sustentabilidade, considerando a redução das emissões de CO2 na atmosfera, porque menos energia significa menos custo. Além disso, significa menor quantidade de emissões de CO2 na atmosfera.

Acredito que essa seja uma variável muito importante que precisa ser considerada em relação aos revestimentos, especialmente pensando em nossa situação atual com relação às mudanças climáticas, em que qualquer iniciativa que permita contribuir com a redução das emissões de CO2 na atmosfera ajuda muito.

Creio que, juntamente com isso, para que essa tendência continue aumentando, é necessário trabalhar muito com os fornecedores para poder desenvolver alternativas de reciclagem dos revestimentos, permitindo que a solução seja sustentável a longo prazo, e permita fazer o fechamento desse processo de economia circular que fará com que os revestimentos completem um ciclo: desde a fabricação, passando pela operação até finalizarem sua vida útil, voltando a ser utilizados em processos de produção para as novas gerações.

Fabio Isoldi: Acredito que os revestimentos híbridos proporcionam uma combinação de duas propriedades: borracha e metal. Embora a borracha tenha menor resistência à abrasão, ela pode suportar mais impactos. O metal, por outro lado, suporta menos impacto, mas tem maior resistência à abrasão. Portanto, ao combinar os dois materiais, gera-se esse efeito de resistência ao impacto, pois o metal junto com a borracha suportará mais impacto, e a região de desgaste é metálica. Portanto, é possível ter uma vida útil mais longa do que se tivéssemos apenas borracha. Então essa combinação é muito boa, a Metso Outotec a desenvolveu há muitos anos e os resultados são muito bons. Essa tendência pode ser maior no Brasil, e temos buscado constantemente ter mais aplicações de revestimentos híbridos, pois além dessa combinação de vida útil, de poder combinar o impacto e o metal (um metal mais duro trabalhando com o impacto) , há também a ergonomia. Um revestimento puramente metálico é muito mais pesado do que um revestimento híbrido. Assim, a montagem é muito mais fácil, com peças mais leves, e a operação mais segura. Portanto, existem esses dois aspectos muito interessantes no revestimento híbrido: o fato de poder trabalhar em aplicações com um pouco mais de impacto, tendo uma boa vida útil devido ao metal, e a ergonomia na montagem também é um diferencial. Então eu acho que é uma tendência e acho muito interessante essa linha de mercado que a gente tem.

Essas entrevistas fizeram parte dos painéis do Fórum Sul-Americano Metso Outotec que reuniu esses e outros importantes profissionais da mineração do Brasil, Chile e Peru. Encerrando as entrevistas, Cristian comenta que não há dúvidas de que estamos vivenciando uma mudança cultural no setor, no qual todos somos responsáveis por assumir um protagonismo e impulsionar essa mudança tão importante. Esse é um ponto crucial para o desenvolvimento da mineração.

 

O vídeo da gravação do painel pode ser visto aqui em nosso canal do YouTube: Novas experiências com revestimentos de moinhos - YouTube

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Painel sobre novas tendências com revestimento de moinhos durante o Fórum Sul-americano da Metso Outotec. Joe Pezo, VP de Serviços para o Peru.
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